A cota de gênero e maior participação das mulheres na política foram os principais assuntos discutidos na manhã desta terça-feira (dia 19 de julho) no auditório principal da Procuradoria Regional da República da 3ª Região/SP. Organizado por Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, procurador-geral regional eleitoral do Ministério Público Federal, que sediou o evento, o encontro reuniu representantes da sociedade civil de São Paulo e de outros estados, além do Distrito Federal. Sobre as candidaturas fictícias, representantes do Ministério Público e Tribunal Superior Eleitoral, presentes ao encontro, afirmaram que é preciso combater com rigor, os partidos que insistirem na prática ilegal de cotas de gênero apenas de fachada.

“A solução para que a cota seja verdadeira é que esteja presente nas casas legislativas. Queremos as cotas de um terço também na câmara dos deputados e de vereadores, bem como no Senado Federal e Supremo Tribunal Federal. Difícil por difícil, vamos continuar arrombando portas”, defendeu a advogada criminal, escritora e ex-subprefeita da Lapa Luiza  Eluf, pré-candidata a vereadora pelo Partido Social Democrático (PSD-SP). “Só estamos recebendo atenção da Justiça porque as mulheres estão nos Ministérios Públicos, e na Magistratura “, afirmou Luiza Eluf.

É preciso observar que o público feminino está presente em todos os segmentos e responde por 52% da população brasileira. Porém, tem zero de representação em algumas instâncias de poder. “É o cúmulo do patriarcalismo. Não que sejamos incompetentes e não é que não mereçamos. É que fomos esmagadas. Nós, mulheres, temos séculos de botas machistas nas nossas cabeças, dentro e fora de casa, mas dentro de casa é o horror”, afirmou.

Para ela, os espancamentos que acontecem nos lares já seria o suficiente para justificar as cotas. “Temos que ter cotas porque esta é uma injustiça muito antiga que está destruindo a nossa civilização. A ausência de mulheres no poder gera conflitos intermináveis”, disse.

Equipamentos sociais de apoio

A falta de políticas públicas que beneficiem as famílias trabalhadoras é um dos entraves para a participação política das mulheres, na opinião de Luiza Eluf. “A ausência de mulheres no espaço público gera, em São Paulo, 200 mil crianças fora da creche. Mas, por que não fazem creche? Porque aquele que senta na cadeira de prefeito nunca teve problema com isso. O resultado é que 200 mil mulheres estão fora do mercado de trabalho porque precisam cuidar dos filhos . “Temos que dar condições para essas mulheres, oferecendo equipamentos sociais de apoio, como restaurantes e lavanderias comunitárias, porque não dá mais para escravizar a mulher no serviço doméstico. Isso é uma questão de Estado”, afirmou.

O que elas disseram:

“Nós, mulheres, temos séculos de botas machistas nas nossas cabeças, dentro e fora de casa, mas dentro de casa é o horror. O que acontece dentro de casa já é suficiente para justificar as cotas”

 

Texto: Regina de Sá

Jornalista